quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

MANIFESTO DE ENCERRAMENTO DO MOVIMENTO VIVA MONITOR

De modo grosseiro e injustificável, o diretor presidente do condomínio empresarial Diários Associados no Rio, Maurício Dinepi, não respondeu às insistentes tentativas de contato que empreendeu o Movimento Viva Monitor entre os dias 4 e 10 de dezembro, por meio de ligações telefônicas e e-mail, com o objetivo de obter uma prorrogação no exíguo prazo estabelecido pelo empresário para que os ex-funcionários e simpatizantes do jornal levantassem os R$ 250 mil fixados para a venda da marca “Monitor Campista”.

Se, por um lado, tal comportamento provoca estranhamento, em virtude de ter o mesmo Dinepi recebido, por duas vezes, uma comissão do Movimento Viva Monitor, por outro evidencia a truculência de quem fechou um jornal quase bicentenário sem demonstrar o mínimo respeito aos funcionários, assinantes e demais leitores, mediante publicação de uma nota lacônica no dia 15 de novembro, na última edição do veículo.

Este mesmo desrespeito manifesta ainda Maurício Dinepi ao se preparar, agora, para retirar da cidade todo o acervo do Monitor Campista, que encontra-se embalado para transporte na antiga sede do jornal, na rua João Pessoa. Mais este crime será cometido contra a memória histórica de Campos dos Goytacazes se a sociedade conservar a passividade que tem demonstrado em relação ao fim do jornal.

Em razão desta impossibilidade de avanços na negociação com os, infelizmente, proprietários da marca “Monitor Campista”, o Movimento Viva Monitor torna público o encerramento da campanha de arrecadação de recursos que realizou a partir de 28 de novembro, dia seguinte ao que fora estabelecido o valor de compra por Dinepi.

Foram apenas cinco dias úteis para que o Movimento buscasse levantar R$ 250 mil. Um prazo certamente fixado para que tal intento não fosse atingido. Mesmo assim a campanha não recuou, e foram feitas todas as tentativas que estiveram ao alcance dos poucos participantes do movimento. E, como ocorreu com o Trianon, todas as pessoas influentes da sociedade campista não poderão dizer que não sabiam o que estava ocorrendo e, ainda, que não tiveram a chance concreta de reverter a situação.

O Movimento Viva Monitor se orgulha, ao menos, de não ter deixado o Monitor Campista morrer sem que nenhuma voz de protesto se levantasse. Iniciado pela Associação de Imprensa Campista, foi ele quem catalisou toda a restante capacidade de indignação local contra mais esta perda.

Esta voz foi ouvida e registrada em todas as matérias jornalísticas que trataram do fim do Monitor Campista, em veículos locais e nacionais, e se credenciou como interlocutora nas tentativas de criar formas que permitissem o renascimento do jornal. Foram realizadas duas manifestações públicas, várias reuniões na AIC, lançado um abaixo-assinado online que ultrapassou mil adesões, um blog, duas reuniões com os Diários Associados, uma reunião com a Prefeitura de Campos, e diversos contatos com empresários e entidades como CDL, ACIC e Carjopa, além de sindicatos e clubes de serviço, no sentido de buscar a sensibilização para a causa e, na etapa final, a efetiva contribuição financeira para a aquisição da marca “Monitor Campista”.

Tudo isso não pareceu suficiente para vencer interesses até hoje não claramente identificados, com os quais parece estar mais afinado o senhor Maurício Dinepi.

E para que o Movimento Viva Monitor não seja confundido com nenhuma outra eventual forma de reabertura do jornal, que não passe pelo modo transparente como defende e com a manutenção da sua qualidade editorial, os seus integrantes, reunidos hoje, decidiram por encerrá-lo formalmente.

Todos os recursos doados para a Campanha Viva Monitor, que foram depositados na conta bancária da Associação de Imprensa Campista, serão rigorosamente devolvidos. Eles foram registrados, nomes e valores, no blog do movimento.

A todos os doadores e participantes, àqueles que não puderam estar presentes às reuniões mas mantiveram-se na torcida, aos inúmeros leitores do jornal que enviaram mensagens e comentários no blog da campanha, o Movimento Viva Monitor agradece de modo sincero e emocionado.

O assassinato do Monitor Campista entra, agora, para a galeria de crimes célebres de Campos. Ainda que ele venha a ressurgir, o fará de modo farsesco, como também ocorreu com o Teatro Trianon, uma vez que não há a menor segurança de que possíveis compradores do mundo político ou empresarial venham a manter o jornal com a mesma postura de independência e qualidade com a qual sua redação o mantinha até o dia 15 de novembro. Será, se ocorrer, como uma segunda morte do “velho órgão”, e com isso não compactuarão o Movimento Viva Monitor e a Associação de Imprensa Campista.

Campos dos Goytacazes, 10 de dezembro de 2009
Movimento Viva Monitor

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Nova reunião nesta quinta, 10, na AIC

Integrantes do Movimento Viva Monitor se reúnem nesta quinta, 10, às 10h, na Associação de Imprensa Campista. O objetivo é discutir os rumos da campanha de arrecadação.

Até o momento, o diretor presidente dos Diários Associados, Maurício Dinepi, não deu resposta ao e-mail do movimento que solicita a prorrogação das negociações acerca da compra da marca do jornal. Ele também não atende aos insistentes telefonemas da comissão de negociação.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Movimento pede prorrogação do prazo de negociações

O Movimento Viva Monitor solicitou ontem, ao presidente dos Diários Associados no Rio, Maurício Dinepi, a prorrogação do prazo por ele fixado para o fim das negociações acerca da marca "Monitor Campista".

Confira o e-mail enviado pelo Movimento, ainda não respondido por Dinepi:

"Caro Sr. Maurício Dinepi

Conforme ficou combinado entre o senhor e a comissão de negociação do Movimento VIVA MONITOR, sobre a compra da marca MONITOR CAMPISTA, hoje,dia 04/12, vence o prazo estabelecido pelo senhor para a apresentação de uma posição concreta desta comissão. Entretanto, considerando o prazo insuficiente para viabilização dos recursos necessários para fechar esta negociação, solicitamos uma dilatação do prazo em pelo menos vinte(20) dias.

Tal solicitação se dá em face da disposição de alguns parceiros em doar aos funcionários o montante necessário para aquisição da marca, que não pode ser automática devido a exigências burocráticas. Dentre esses doadores podemos contar com a CAIXA ECÔNOMICA, representada pelo Srº Daniel, a Prefeita de São João da Barra, Srª Carla Machado, etc

Na certeza de que analisará com especial atenção esta solicitação, aguardamos sua resposta, atenciosamente,

Comissão de negociação do Movimento VIVA MONITOR
Campos dos Goytacazes,04 de Dezembro de 2009
p/c Graciete Santana Nogueira Nunes"

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Conheça os doadores da Campanha Viva Monitor

CLIQUE AQUI PARA CONHECER OS DOADORES E A QUANTIA ARRECADADA.

Campanha de Arrecadação no ABI Online

Campanha pela volta do Monitor Campista

Cláudia Souza
3/12/2009

O movimento “Viva Monitor”, que está recolhendo doações para reativar o jornal Monitor Campista, de Campos de Goytacazes, norte do Rio de Janeiro, será encerrada nesta sexta-feira, dia 4. A mobilização teve início no último dia 28, organizada por ex-funcionários do jornal, com o apoio da Associação de Imprensa Campista (AIC). O jornal foi fechado no dia 15 de novembro, por determinação dos Diários Associados.

A decisão foi comunicada através de nota assinada por Maurício Dinepi, Presidente do jornal.

Fundado em 4 de janeiro de 1834, pelos médicos Francisco José Alypio e José Gomes da Fonseca Parahíba, o jornal O Campista se fundiu com O Monitor em 31 de março de 1840, originando o Monitor Campista, o terceiro jornal mais antigo no País.

Segundo Maurício Dinepi, as despesas do Monitor estavam acima da receita, especialmente após o Diário Oficial de Campos ter deixado de ser publicado no Monitor Mercantil, o que era feito há 100 anos, e representava 50% da receita do veículo.

O informativo da Prefeitura deixou de ser veiculado no jornal após a Justiça ter alegado inexistência de licitação para o procedimento. O questionamento foi feito ao Ministério Público em ação movida pelo jornal Folha da Manhã, também de Campos. Com a decisão judicial, o Diário Oficial de Campos passou a ser impresso na Imprensa Oficial do Estado.

Disposto a vender a marca do jornal, Maurício Dinepi pediu a quantia de R$ 250 mil reais aos ex-funcionários interessados em salvar a publicação.

—A diretoria fala em prejuízo, mas temos informações de que a empresa era saudável. O fechamento do jornal está envolto em muito mistério, afirmou Vicente Menezes, vice-presidente da AIC e um dos organizadores do movimento “Viva Monitor”.

Até o momento, a campanha arrecadou pouco mais de R$ 30 mil, a maior parte doado pelos ex-funcionários.

—Quando fomos informados do preço, optamos por uma campanha de arrecadação pública, especialmente por causa do prazo de apenas uma semana estipulado por Dinepi. A mobilização é grande, mas ainda não se reverteu em apoio financeiro, explicou Vicente Menezes.

Nesta sexta-feira, dia 4, último dia da campanha, os organizadores do movimento se reúnem para avaliar a situação e fazer a contagem final das doações.

—Vamos pedir mais tempo para conseguir o dinheiro. Estamos lutando pela volta do Monitor Campista priorizando a transparência e a qualidade editorial que sempre o distinguiu. Temos um compromisso ético com o jornalismo e a sociedade. No blog da campanha (http://vivamonitor.blogspot.com) está sendo veiculado os nomes dos doadores e as quantias depositadas. Pensamos em transformar o jornal em uma cooperativa ou empresa limitada, mas, em função do prazo apertado, decidimos pelo caráter público. A idéia é transformar o jornal em uma fundação ou associação que pertença à cidade.

[Original no site: http://www.abi.org.br/primeirapagina.asp?id=3285]

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ATENÇÃO, PESSOAL!

A campanha continua a todo vapor. Nesta quinta-feira, 03/12, integrantes do Movimento Viva Monitor realizam mais uma assembleia para discutir os rumos do Movimento nestes dias que antecedem o prazo estipulado para a apresentação da proposta de venda da marca Monitor Campista. A presença de todos os engajados na luta é fundamental! Na última reunião, realizada ontem (quarta) foram dados passos importantes no sentido de atingir os objetivos propostos. Então anota aí: às 10h, na sede da Associação de Imprensa Campista. ATÉ LÁ!

Uma virada de página

Eduardo Chacur*

Não foi o destino que escreveu a última página do Monitor Campista, que há dias deixou de circular, fazendo Campos perder uma de suas principais referências em termos de imprensa e cultura, pois deixamos de ter o terceiro jornal mais antigo do país e o primeiro da América Latina a ser impresso com energia elétrica.
Como presidente da Carjopa, não poderia deixar de lamentar a ausência do nosso cotidiano retratado pelo Monitor.

O Monitor, que há 175 anos trazia as coisas mais perto da gente, agora está mais distante de nós. Recuso-me a escrever buscando um tom obituário. Fato é que o Monitor fechou, mas tudo que se fecha pode ser reaberto.

O jornal é uma janela que se fechou, espero que temporariamente, e não podemos fugir pulando outra. Temos algumas portas para bater. Assim como todos os jornais de Campos buscam a imparcialidade, a Carjopa também prima por esse compromisso, razão pela qual sempre fomos acolhidos por todos os veículos, inclusive o próprio Monitor.

Acredito que a educação faz com que pessoas aprendam a ler, mas ela sozinha não é capaz de ensinar o que vale a pena ler. Daí a importância dos jornais.

Sei que no dia de hoje, em todas as atividades, até mesmo na arte, da qual confesso entender muito pouco, metade é negócios. Posso dizer, sem medo de ser mal interpretado, que o Monitor era um negócio inteiro, e um negócio sério, que outros negócios sérios não perceberam. Não soubemos cuidar bem do Monitor Campista, como ele cuidou bem de nossa Campos em 175 anos.

Não existem culpados nessa história, mas vítimas. Todos saímos feridos nesta história. O pior é que se não houver uma inversão deste quadro, a ferida se intensifica com o passar do tempo. E a pior delas.

Cada vez que se fecha uma escola, é aberta, no mínimo, mais uma cela em presídios. Cada vez que se fecha um jornal, mentes que deveriam ser abertas se encolhem. A tradição não é somente a teimosia da permanência. Todos morreremos um dia, mas um jornal precisa estar vivo para publicar nossos obituários. Triste da cidade que publica nos lábios das conversas das esquinas o obituário de um jornal, o que nos recusamos a fazer.

Prefiro falar da biografia do Monitor campista, uma das mais belas da imprensa brasileira, que assistiu e relatou a feitura do Brasil. Poucos jornais tiveram uma trajetória tão expressiva, que vai desde a publicação de classificados de venda de escravos até a venda de carros zero quilômetro ano 2009.

Espero que ele volte para publicar anúncios de carros zero 2010 e que no momento tenha tirado apenas merecidas férias.

Abordo esse assunto muito à vontade, pois teríamos o mesmo sentimento se isso ocorresse com outro veículo de comunicação. E tenho certeza que, mesmo em tese, concorrentes, o fechamento do Monitor não é página virada. Tenho certeza que será uma virada de página.


Eduardo Chacur
Presidente da Carjopa (Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009