Diários Associados fecham Monitor Campista e dizem que título está à venda
Izabela Vasconcelos, de São Paulo
Os Diário Associados fecharam o terceiro jornal mais antigo do Brasil, o Monitor Campista, de Campos dos Goytacazes (RJ). A empresa diz que o fechamento foi motivado pelo fim da publicação do Diário Oficial da Prefeitura de Campos, incluído no veículo por mais de 100 anos. O presidente da publicação, Maurício Dinepi, informou que a empresa tem interesse em vender o título do jornal, fechado no último domingo (15/11).
“Se alguém quiser comprar o título, estamos abertos para isso. Dependendo da oferta, faria isso imediatamente. Isso me dará uma alegria enorme”, explicou ele, que é presidente dos Diários Associados no Rio de Janeiro.
Dinepi informou que foi procurado por algumas pessoas físicas, que não atuavam na área e ofereceram valores muito abaixo do valor real do título. “Não vamos entregar o título dessa forma porque o jornal tem uma história de mais de 150 anos”, afirmou.
Fim do Diário Oficial e prejuízos
O presidente do veículo disse lamentar muito o fechamento do jornal, mas alega que não encontrou outro caminho. “Me sinto desconfortável de fechar um jornal de 175 anos, mas não podia mantê-lo no prejuízo. Estávamos acumulando prejuízo, mandávamos para Campos o dobro do que vale o jornal, o que empresarialmente era uma loucura”, declarou.
No domingo (15/11), a empresa publicou uma nota comunicando o encerramento das atividades, por decisão do Condomínio Acionário dos Diários Associados, mas sem informar os motivos que levaram ao fechamento da publicação.
A publicação do Diário Oficial correspondia a 50% da receita do veículo. O informativo da prefeitura foi retirado do jornal após a Justiça alegar que não havia licitação para a publicação no Monitor Campista e que o Diário Oficial deveria ser aberto à concorrência de outros veículos, por meio de licitação. A Justiça atendeu a uma ação movida pela Folha da Manhã contra o Monitor.
O diretor do jornal, Jairo Coutinho Maia, negou que o veículo não tivesse licitação. “Já publicávamos o Diário Oficial há mais de 100 anos. Mas fizemos uma licitação, através de uma agência, para pagar o administrativo e institucional”, rebateu Maia.
Na época do fim da publicação do Diário Oficial, as especulações eram de que a prefeitura de Campos deixou de investir no jornal porque teria intenção de comprá-lo posteriormente. Em reunião com a Associação de Imprensa Campista, a Secretaria de Comunicação Social da prefeitura negou que o órgão tivesse a intenção de comprar o veículo. A prefeitura alegou também que estava surpresa com o fechamento do jornal e que apoiaria os jornalistas para manter o veículo com recursos do Fundecam, ou com a criação da Fundação Monitor Campista.
Situação trabalhista
Os jornalistas que atuaram no veículo se desligaram da empresa nesta segunda-feira (16/11), e foram convocados para resolver as últimas questões trabalhistas. De acordo com Dinepi, não ficará nenhuma pendência. “Será o primeiro jornal do país que encerra suas atividades sem dívidas com os funcionários".
Manifestações
Amanhã (17/11) os profissionais do Monitor e representantes da Associação de Imprensa Campista (AIC) irão realizar um ato público contra o fechamento do jornal. “Queremos saber o que a empresa fará daqui pra frente, o que podemos fazer e pedir o adiamento da Assembleia com os acionistas, marcada para o dia 23/11”, disse Vitor Menezes, vice-presidente da AIC.
Segundo Ricardo Vasconcelos, editor do Monitor Campista, a última notícia era de que a prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, confirmou uma reunião com Maurício Dinepi. O encontro deve acontecer nesta terça-feira às 16h, para discutir os possíveis rumos do jornal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário