segunda-feira, 15 de novembro de 2010

No "arraiá" das lembranças


Flávia Ribeiro

“Ai que saudades que tenho da aurora da minha vida...”no Monitor Campista. Cheguei como estagiária, em 1997! Fiquei um ano fora, trabalhando em uma TV e voltei feliz quando as edições repaginadas do Monitor já coloriam as bancas. Passei no Monitor, entre ida e vinda quase 10 anos, até ser demitida porque meu filho mais velho me obrigou a uma licença de 10 dias por motivo de doença. Nenhuma mágoa com o velho orgão. Fiquei foi triste quando vi de fora o que estava acontecendo, onde as ações humanas tinham levado o jornal.
Sou grata ao Monitor. Foi lá que aprendi a ser estagiária, repórter de todas as editorias, (até pra Eduardo dos esportes e pra Patrícia, da cultura fiz umas materinhas), cheguei a passar temporadas fechando páginas, fazendo pautas e tudo o mais que precisasse.
Foi no Monitor que cultivei amizades que nunca irão se perder. Foi lá que convivi com gente terna e rabugenta ao mesmo tempo como o querido seu Guimarães. Como Ronaldo Machado e Jolândio Porto, figuras que sabiam marcar presença como poucas. Com mulheres magníficas como Paulinha Virgínia, que fazia coluna social, vivia entre festas e tudo o que há de belo nessa vida, mas que era de uma sensibilidade com as questões sociais e dos companheiros que nunca vi em ninguém. Ai que saudades das conversas com Paulinha, quase sempre na porta do jornal!
Ai que saudade dos cafés com todas as meninas e com Rato e Guguta enquanto esperava as matérias chegarem. Que saudade das caras do querido Cilênio Tavares, o nosso Cici, verificando se estávamos enrolando o fechamento. Que saudades de dar água com açúcar a Mari Pessanha, das conversas com Carlinha. Das idéias trocadas com os estagiários, de ser repórter da editoria de Ricardo André! Que saudades que tenho das eleições trabalhadas como repórter sob a coordenaçao do querido Richard. Saudade das pessoas na rua comentando a isenção do Monitor. De João Ventura como meu estagiário, que me desculpem os outros, mas ele foi o mais inteligente.
Tenho inúmeras fotos dos tempos de Monitor, mas escolhi a deste ano, porque ela é uma boa demonstração de que a mágica do Monitor ainda vive. A festa caipira reuniu muitas gerações de todos os tempos em torno dos brindes a amizade, ao amor ao Monitor. Reparem na foto, o mestre Ricardo André Vasconcelos, a quem devo muito do que sei, o ritmo, as técnicas de apuração e muito mais, eu e João, que se não bastasse ter sido meu estagiário querido, ainda foi talentoso o bastante pra casar com a minha amiga Carlinha Cardoso!
Com certeza sofri menos que o pessoal que estava lá dentro há um ano, porque eu já estava trabalhando novamente em TV, mas me dói ver a loja de sapatos no prédio onde vivemos tantas coisas. Dói ver o prédio desconfigurado por uma reforma que acabou com a varanda. A janela trocada. Dói saber que o arquivo inteiro do jornal, cuidado com tanto zelo por Hélvio e Leandro Cordeiro foi colocado em um caminhão e arrancado de Campos. Dói não ver o jornal nas bancas.
Vivi no Monitor muitas histórias importantes. Foi lá que recebi a notícia da morte da minha querida avó Iracy, foi lá que por telefone falei com meu marido, que estava viajando, que teríamos nosso primeiro filho. Foi lá que ouvi uma das demissões da minha carreira. Foi lá que vi minhas amigas casarem, terem filhos, se apaixonarem, amargarem a dor de partidas. Foi lá que vi meninos virarem homenzarrões, como os filhos de Míriam, que conheci quase bebês e agora são pessoas enormes! Com certeza muito da pessoa que sou hoje devo ao Monitor, não seria a Flávia muito mais pacífica de hoje se não tivesse escrito algumas linhas e páginas dessa história. Ai que saudades que tenho...

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