terça-feira, 16 de novembro de 2010

Monitor: uma grande escola

Jô Siqueira

Falar no centenário Monitor Campista é falar em um local tranquilo e agradável para trabalhar. Que me desculpem as outras redações por onde passei ao longo dos meus 24 anos de profissão. Eu tive o privilégio de trabalhar por duas vezes no Monitor. Na primeira etapa, o centenário jornal ainda era preto e branco e toda tarde eu, seu Maia e Paraíba (Antônio Leudo) ou Paulo Damasceno tínhamos a tarefa de circular pela cidade, ou precisamente pelas delegacias em busca de matéria. E sempre voltávamos para a redação com uma manchete. Até que chegou o dia (não me recordo a data) que ele passou a ser colorido. E lá estava eu assinando a matéria principal da primeira capa colorida do Monitor Campista.

Vivi momentos tristes, mas que marcaram a história do jornalismo, como foi o caso da última rebelião na 134º Delegacia de Polícia. Eu ainda amamentava meu filho Nelio, e ao passar numa tarde chuvosa de domingo, pela rua Formosa, vi aquele movimento infernal. Não pensei duas vezes, liguei para o fotógrafo Paulo Damasceno e passamos parte da noite e a segunda-feira ali, de plantão, esperando o desenrolar das negociações. E olha que naquela época o Monitor Campista não trabalhava aos domingos.

Entre um tempo e outro, eu ia a minha casa amamentar meu filho e voltava para acompanhar de perto o fechamento daquela situação que acabou na morte de três presos. Da redação, o editor Gustavo Araújo, brigava para que retornássemos, pois o jornal tinha que ser enviado para o Rio de Janeiro, onde era impresso. “Brigamos” para não perder o espaço junto aos concorrentes. E finalmente, tivemos a sorte de a rebelião terminar no final da tarde e conseguimos publicar a matéria com inicio, meio e fim.

Me orgulho muito de ter trabalhado no Monitor Campista, até mesmo por indicação da minha querida amiga Paulinha, Paula Virginia, que sempre me chamava para fazer sua coluna quando entrava de férias e pelo meu grande amigo José Carlos Nascimento,com quem apreendi muito. Depois saí e fui trabalhar em duas emissoras de TV, mas sempre mantive o contato com os colegas da velha redação.

O tempo passou, e o meu amigo José Carlos se aposentou e mais uma vez por indicação dele e dos meus amigos Antônio Leudo e Jocelino Maia (seu Maia) eu retornei para a redação. Desta vez, com a árdua tarefa de fazer pautas, onde levei mais 4 anos e 11 meses. Ao todo foram quase 10 anos de Monitor Campista. Até que veio o domingo 15 de Novembro de 2009, quando por ironia do destino, no Dia da Proclamação da República, o centenário Monitor colocava na rua sua última edição. Movimentos foram feitos, mas como a nossa cidade é o município do “ já teve” perdemos parte de nossa história e resta contar a nossos filhos e amigos, que Campos dos Goytacazes já teve o terceiro jornal mais antigo do país, assim como tantas outras coisas.

Só resta lamentar, pois apesar de ter sido chamado de jornal “ Chapa Branca” e “Jornal da Prefeitura”, o Monitor Campista incomodou muita gente do ramo da comunicação e serviu de pauta para muitos outros jornais e até TV.

Lamentamos que nossos políticos não tenham se empenhado pelo menos para salvar o acervo e dar continuidade à história. Mas se ainda existir vontade, quem sabe ainda exista tempo. Não tenho muito a reclamar da minha vida profissional, e hoje estou na assessoria da Associação Comercial e Industrial de Campos- ACIC.

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